Documentários
Foto: Uma História por trás das Lentes
R$60,00
Cada fotografia é um enigma. Um momento congelado num retângulo.
Jamais saberemos o que aconteceu antes ou depois de ser tirada.
O que teve de ser movido, ajustado, aguardado ou provocado para que todos os elementos de repente conspirassem no enquadramento e produzissem uma imagem que, depois de vista, jamais será esquecida?
Comparada à pintura, as regras do jogo fotográfico são incrivelmente simples, requerendo pouco mais do que as peças de um jogo de xadrez minimalista: um assunto, um enquadramento, luz, lentes, obturador e pedestal.
A importância dessas peças varia de acordo com sua posição e são movidas constantemente entre si.
Esta série convida a imaginarmo-nos como atores num jogo complexo que é jogado entre a fotografia e a realidade.
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OS INVENTORES A chegada do daguerreótipo encorajou as pessoas a encomendarem retratos, ou "parecenças", como eram conhecidas. Uma vez que os modelos tinham que posar por horas, poucas crianças aparecem nestas primeiras fotografias. Para o daguerreótipo, o modelo ideal a ser retratado eram os mortos. "Esta sociedade imunda corre como Narciso para contemplar sua imagem trivial numa placa", protestou Baudelaire na época. Se a fotografia soube transformar nossos olhares, permitiu também representar uma realidade invisível a olho nu que apenas uma invenção que perturba nossa relação com o real pode revelar. |
PRIMÓRDIOS DA FOTOGRAFIA Em meados do século 19, 25 anos após sua invenção, a fotografia ainda é considerada uma simples curiosidade científica. Mas entre os anos 1820 e 1860 uma dezena de fotógrafos, na França e na Inglaterra, se esforçaram para dar à fotografia um status de arte. Será a década de Nadar, Le Gray, Baldus, Robison, Rejlander, Fenton. Serão os primeiros a explorar todas as possibilidades da criação fotográfica e sua relação com a realidade. De forma original e divertida, esse episódio nos oferece os segredos daqueles pioneiros que inventaram em apenas alguns anos uma gramática fotográfica complexa com grande diversidade técnica. |
PICTORIALISMO 50 anos após ser inventada, a fotografia tenta novamente rivalizar com a pintura. O debate já era tão velho quanto a própria fotografia: a fotografia é meramente uma imitação simples e mecânica da realidade ou ela pode interpretá-la subjetivamente, assim como a pintura? Dando as costas ao confronto com a realidade, o movimento Pictorialista esforça-se para privar a fotografia do seu demérito original - sua precisão objetiva e mecânica - para produzir a subjetividade e o foco flexível do desenho e da pintura. O Pictorialismo compartilhava uma negação do mundo moderno com seu simbolismo, sua contemporaneidade. Preferia temas ultrapassados ou eternos, como história, religião, paisagens e nus acadêmicos. Reacionário em seus temas e estética, o Pictorialismo demonstrava grande cuidado com a forma e processos de desenvolvimento (como enquadramentos desfocados, lentes especiais, efeitos de revelação; desenhos, gravuras e pinturas nos negativos) dos quais muitos fotógrafos pós-modernos atualmente não se envergonham. Foi uma avant-garde ao contrário, na qual os grandes mestres, Robert Demachy, Alvin Langdon, Coburn, Frank Eugène, Edward Steichen e Alfred Stieglitz empregaram sua criatividade aguda para fazer a fotografia não parecer fotografia. O movimento brilhou por cerca de 20 anos, na Europa e nos EUA. |
FOTOGRAFIA SURREALISTA Man Ray, Dora Maar, Alvarez Bravo, Brassaï, Andre Kertész e Henri Cartier-Bresson. Durante os anos 1930, suas imagens personificaram o lado mais intenso do surrealismo. As imagens são confrontadas por técnicas de animação. São desmontadas e remontadas, trazidas de volta à vida, exibindo-nos as escolhas, descobertas e sua força interior. Cada fotografia exibida em filme se torna uma estória em si mesma, um pequeno drama fotográfico que só termina na imagem final. O público participa do processo, do trabalho com a luz e enquadramento, da superexposição, solarização, fotomontagem e lentamente se torna ele mesmo parte deste jogo intrincado entre fotografia, imaginação e realidade. |
NOVA OBJETIVIDADE ALEMÃ O pacto que ligava a fotografia ao real desde seu nascimento era garantido pela sua própria técnica. Hoje não é mais o caso pois a fotografia evoluiu daquele estágio, ganhando liberdade e perdendo inocência. Nascidos na Alemanha na década de 1930, Bernd Becher e sua esposa Hilla empreenderam uma estranha tarefa: criar um inventário fotográfico de prédios industriais que estavam destinados a desaparecer, como torres de água, silos e chaminés. No espaço de 30 anos, a Escola de Düsseldorf, os Bechers e seus pupilos - Candida Hofer, Petra Wunderlich, Thomas Struth, Thomas Ruff e Andréas Gusrky - iriam transformar radicalmente a prática fotográfica. Eles mantiveram algumas características da escola Becher: atenção à distância, objetividade aparente e a predileção por linhas retas. Mas cada um destes fotógrafos reinterpretou esse modelo e desenvolveu seu próprio universo fotográfico. Para alguns, a cor tornou-se uma ferramenta para reinterpretar a realidade, enquanto outros permaneceram fiéis ao preto e branco. Todos eles produziram grandes imagens. A fotografia não era mais um simples documento, era uma obra de arte em si mesma, capaz de rivalizar com as pinturas penduradas nas paredes dos museus. |
FOTOGRAFIA ENCENADA Este episódio analisa os principais processos de desconstrução da pseudo verdade da linguagem fotográfica: composição, luz, desordem das cenas narrativas, uso de símbolos, cenários, acessórios e trabalho de estúdio, ou ao contrário, a encenação de peças genuínas. Na maior parte do século 20, a fotografia foi principalmente realista. Mas a partir dos anos 1960, a fotografia encenada deixou de ser considerada ingênua ou ultrapassada, reaparecendo fortemente, enriquecida pelas influências externas do cinema, teatro e escultura. Essa fotografia que foi inoculada por outras mídias brincava com a ambiguidade do realismo fotográfico. |
OS USOS DA IMPRENSA A aliança entre fotografia autoral e a imprensa corporativa fez a fotografia tornar-se a imagem popular do século 20. As revistas que começaram a aparecer nos anos 1920 - como a BIZ na Alemanha, Vu na França, Weekly Illustrated e Picture Post na Inglaterra, Life nos EUA - quebrou a rotina das primeiras revistas ilustradas qua usavam a fotografia meramente como acompanhamento do texto. Com estas novas revistas, a fotografia tornou-se o principal veículo de informação. Elas eram espetaculares, acessíveis a todos e uma promessa de autenticidade, na aparência pelo menos. O fotógrafo tornou-se uma testemunha especial, uma estrela em seu campo mais ou menos especializado: Wegee em reportagens policiais, Robert Capa como repórter de guerra e Brassaï no realismo poético. Mas nas décadas que se seguiram a 2a. Guerra Mundial, os fotógrafos tornaram-se menos dispostos a deixar o crescente conformismo das revistas exercer sua autoridade sobre suas imagens. As revistas, por exemplo, editavam livremente as fotografias, reenquadrando-as ou acrescentando citações qua alteravam seu significado. Os principais fotógrafos - Robert Capa, Roland Seymor e Cartier-Bresson - começaram a exigir que suas fotos fossem respeitadas e consideradas como obras em si mesmas ao invés de simples descrições. |
NOVA VISÃO: FOTOGRAFIA EXPERIMENTAL DOS ANOS 1920 Um sopro de loucura assolou a fotografia europeia nos anos 1920. Verticais e horizontais foram abandonadas, assim como as regras da perspectiva desde a Renascença. Com seus inesperados pontos de vista, a Nova Visão encarava a diagonal como o eixo da modernidade, rompe com o decoro fotográfico, faz balançar a antiga linha do horizonte. Esta nova visão é aquela de um mundo industrial e urbano, com pouco interesse na natureza, muito confusa para ela. O cinema, com seus efeitos de movimento e de montagem, consegue reproduzir essa assalto de imagens, impressões fortuitas, esse olhar acelerado e acidental. Para a fotografia é mais difícil. Mas a nova visão buscará esse porvir. |
FOTOGRAFIA DE INTIMIDADE O ato de fotografar o mundo privado de alguém afirmou a importância de um ponto de vista subjetivo nas imagens capturadas para o uso pessoal do fotógrafo. Levar a câmera para lugares outrora ocultos transformou todos nós em voyeurs. Nos anos 1960, os fotógrafos reivindicaram essa maneira de transformar em obra a textura cotidiana de suas vidas. Como a sociedade ocidental em seu todo, cada nova geração amplia os limites da transgressão franqueando à câmera acessar lugares que até então lhe eram proibidos. E a intimidade onde se ilumina a revelação não é senão aquela que nossa imaginação projeta. |
OS APROPRIACIONISTAS A maioria das estimadas 350 bilhões de imagens tiradas desde o começo da fotografia no início do século 19 não têm nenhum mérito artístico ou intenção. Mas isso não impediu que estas imagens do passado voltassem a ser usadas como matéria prima para novas formas de fotomontagens. Foi o acaso que criou essas imagens e o olho que as escolheu dentre milhares, dando-lhes nova visibilidade, torna-se seu segundo autor. Privadas do seu significado original, nada mais são do que enigmas. |
FOTOGRAFIA CONCEITUAL Nos anos 1960, o movimento da fotografia conceitual aspirava expressar pensamentos não em palavras, mas em imagens. Câmeras amadoras capturavam a realidade com absoluta neutralidade, gestos revelavam uma atitude casual em relação a fotografia, e a desconstrução evocava o relacionamento entre imagem e conceito. A atitude se torna forma. Qual a diferença na relação entre a realidade e a sua foto, e entre uma fotografia e a foto dessa fotografia? Assim como na pintura, a fotografia nada mais é do que uma superfície. O espaço real que afirma retratar é uma ilusão. Somente a fotografia permite capturar o mundo entre a imagem e a ideia, entre a presença e a ausência. |
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Título Original: Photo: A History from Behind the Lens
Gênero: Documentário
Diretor: Juliette Garcias | Stan Neumann | Alain Nahum
Duração: 25 minutos cada episódio
Ano de Lançamento: 2013
País de Origem: França
Idioma do Áudio: Francês | Alemão | Inglês
Legendas: Português
Mídias: 2 DVDs